A chuva banhava, ao entardecer,
mais um dia de intenso verão.
Parecia querer amortecer
o denso calor daquela estação.
A água fria lavava e escorria,
levando a poeira do tempo
acumulada na cumeeira
de qualquer telhado sem beira.
Na casa simples, o telhado de madeira,
sem laje, era só goteira...
Pingando, molhando, transbordando...
Memórias, em ondas, se afogando.
A chuva passa, o mormaço abraça,
a tarde calada que sofre encharcada.
Tentando enxugar as perdas contadas
sobra a esperança, agora, desabrigada.
Esperança quase solitária
afaga, enquanto abriga solidária,
o desalentado que busca entender:
por que no mormaço do entardecer?
Alguém interessado em usar a poesia como uma crônica poética do cotidiano, com realismo e imaginação. Com mais de 30 anos no magistério superior tendo lecionado em Instituições de Ensino no Rio de Janeiro. Mestre em Engenharia.