Indireta
Ela avisou. “Prepara as vacinas que eu vou te morder!”
Ela blefou.
Nem beijo, nem afago.
No mesmo chão molhado, continua a chover!
Ela anuncia o fim do mundo! A queima do estoque!
Um concerto de rock e a queda das muralhas da China!
Jurou queimar sutiãs, escandalizar o submundo e a respeitável sociedade solar das metanfetaminas. Segunda, porém, desfila, tranquila, o terninho blasé!
Ela quer likes e um pouco de atenção na noite fria.
Acho que ela só quer ver o que pode acontecer se um dia ao acaso ele se descobrir dona da alegria
Foi firmado o encontro.
Nove em ponto.
Nem te conto!
Tava tudo certo! O papo é reto!
Nove horas, noves fora, meia-noite e nada!
Esperar é uma condição atormentada
Deve ter virado abóbora, deve ter perdido o sapatinho.
Dos pézinhos que você adora. Quem sabe não foi sequestrada?
Atropelada por uma manada de rinocerontes marinhos?
Será que é só garganta? Não me espanta!
Será uma farsante Columbina? Menina que grita lobo! Pensamento bobo.
Pois, o lobo nem sabe que ela o espera…
Quem a espera sou eu… Meninos, o quanto me expus!
Só aguardando no mesmo ponto de ônibus.
“Mas, homem que é homem, não se apavora nem se desespera”
E sabe a hora certa de citar Leila Diniz.
Ah, Flor de liz, luz que cega com seu brilho. Corrente que quanto mais me solta, mais preso eu fico no seu trilho.
Corro o risco pela aguardente que me inebria.
É corredeira, é remanso. É cavalo, é cela!
É o Valhala e a Esfinge desafia os tolos que se julgam deuses e por saber da lei, abusa do direito de ser bela!
Cícero Gilmar Lopes, 60 anos, autor de 3 livros publicados, escreveu cerca de 30 peças para teatro, 12 com montagem e circulação. Tem poemas e canções e alguns remendos no coração.